Havia no Nordeste dois
sitiantes cujas glebas tinham topografia semelhante. Ocupavam-se de agricultura
criação bovinos para suprir as necessidades básicas da família. O rebanho do
senhor B era bem cuidado, porém o senhor J não tinha muito expediente e os
mesmos cuidados. O lavrador zeloso usava um pouco de técnica para preparar a
terra. Procurou informar-se sobre a
perfuração de poço artesiano e convidou um entendido do assunto para executar
os serviços. Deu certo e a água jorrou. Dividiu a gleba em piquetes para formar
pastagem rotativa. Enquanto isso, ele cuidava do rebanho com ração apesar das
dificuldades. Quando a pastagem estava formada e boa para uso do gado resolveu
adquirir algumas novilhas. O investimento valeu a pena. As novilhas pariram e
havia leite e queijo para o consumo e comercializar.
Tal milagre não
acontecia com o seu vizinho. Seu gado estava magro e havia pouca produção de
leite. O rebanho não crescia. Os animais ficavam de olho no pasto verdinho do
vizinho e, de vez em quando, um animal saltava para o outro pasto. O sitiante
que progredia alertou ao seu vizinho para que cuidasse melhor do seu gado,
porque estava pulando a cerca e causando problema. Orientou para que ele perfurasse um poço a fim de melhorar a
pastagem, outras plantações e usufruir dos mesmos benefícios. Qual nada, ele
era ocioso e não tinha muito expediente.
Aconteceu algo muito
curioso. O senhor J comprou muitos garrafões de vidro esverdeados e pediu para
fazer óculos. Encheu o cocho de capim seco e pôs óculos verdes nos animais
tentando enganá-los. Quando começaram a comer, logo abandonaram o cocho. Que
tristeza! A terra era a mesma, a água estava no subsolo. Só faltava um bom
agricultor para amainá-la, adubá-la, semear, cuidar e aguardar os frutos. “Engana-se
o povo, mas não todo o povo; engana-se por algum tempo, mas não todo o tempo;
engana algumas pessoas, mas não todas as pessoas” (Abraham Lincoln).
Infelizmente percebe-se
que a mesma prática se dá em algumas igrejas, porque há pastores
apascentando-se a si mesmos. “Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si
mesmos! (Ez 34.1). Antes de servir o capim seco (mensagem placébica), que não
cura e nem alimenta as ovelhas, deveriam comer primeiro. A Palavra de Deus é o pão
que alimenta o mundo faminto.
Há milagres acontecendo
bem perto de nós. O Senhor é o mesmo, mas não somos os mesmos. Há um fenômeno
desagradável em muitas igrejas que se nomeia como migração entre igrejas. Às
vezes, ela se dá entre a mesma igreja ou de uma denominação para a outra. Há
denominações para todos os matizes e sabores. Não adianta fazer festa, usar
artifícios, estereótipos, maquiagem e outros atrativos. O importante é saber se
as ovelhas estão sendo alimentadas condignamente.
O bom pastor cuida bem
de suas ovelhas curando, sustentando e guiando. Não só isto, mas deve buscar as
desgarradas e não afeito apenas às limpas e perfumadas. As outras merecem o
perfume da graça de Cristo também. Antes de receber o meu cajado como pastor,
fui boieiro como o profeta Amós. Em tempo de escassez de pastagem meu pai me
dizia: leve o gado para aquelas bandas onde há capim verde e água boa. Eu
tangia o rebanho. Quando estava alimentado, guiava-o até ao poço de água e
depois para o estábulo.
Que analogia abençoada!
Que experiência! Assim fizemos durante 50 anos ininterruptos e continuo apascentando
outros rebanhos. Se houvesse um retrocesso no tempo, eu seria pastor para fazer
melhor do que fiz. Glorifico ao meu Deus por assumir o lugar de anjos! (I Pedro
1.12).
Juiz
de Fora, 20 de fevereiro de 2015.
Pr. Valdemar Trevenzoli
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