No transcurso dos anos de nossas vidas nós nos deparamos com muitos vales. O melhor deles é o vale da bênção e nós passamos por ele milhares de vezes, mas nem tudo na vida é bênção. Nós valorizamos a bênção depois de um infortúnio, escassez, dor profunda, derrota, crise relacional, uma noite de tempestade em um mar revolto quando se fez bonança. Num olhar para o vale pode-se sentir uma brisa suave ou um vulcão vomitando lavas incandescentes; um trigal dourado ou a terra ressequida que nada produz; ouvir gente cantando uma canção ou alguém chorando a perda irreparável; uns « andando e chorando enquanto semeiam »(Sl 126.5); outros fazendo a colheita abençoada; pode-se sofrer com o calor do sol causticante ou uma chuva refrescante; nem sempre a alegria é uma boa e grande mestra; essa alegria pode ser uma quimera que não deixa sinais de sabedoria e aprofunda-mento espiritual, amadurecimento para enfrentar outras tempestades ou ajudando alguém com um alento. No vale dos colégios onde estive internado, quantas vezes chorei escondido e fui consolado!
Andamos pelo da morte quando nossa filha, Berenice que faleceu no no ventre da Laura cujo enterro foi feito apenas por mim e o coveiro, na missão em Vitória da Conquista. Lá estava o bom Pastor para me consolar enquanto celebrava o ofício fúnebre e as lágrimas rolavam pela minha face.
Muitas vezes passamos pelo vale por onde Jó, servo sofredor, andou chorando e suportando o escárneo de amigos, mui amigos e, a até de familiares. No meio da dor sua alma soluçou e ele disse: « Eu sei que o meu Redentor vive... » (Jó 19.25). Emil Brunner, grande teólogo disse: « quanto mais profunda é a dor e a angústia, mais aguçada é a esperança. » Paulo deixou para nós uma tríade: « fé, esperança e amor, porém, o maior destes é o amor ». O amor é a essência da vida. É a dinâmica da vida.
Vi uma moça com muitos predicados físicos sentada numa escada e chorando, porque lhe faltava o amor. Os tons, as cores, os sons e os sabores da vida são definidos pelo amor com o qual pintam-se os melhores e os mais belos quadros. O mundo está ficando muito árido e vejo muitos « vales de baca »com escassez de relacionamento em amor. Charles Chaplin expressa: « o homem moderno pensa muito e sente muito pouco. » O homem tem criado muitos vales áridos. Albert Schweitzer profetizou: « Brevemente teremos um novo período da história como o da Idade Média: a humanização das máquinas e desumanização do homem. O homem já abriu algumas crateras, vales com os artefatos bélicos onde muitos estão enterrados e milhões no vale de lágrimas.
Louvado seja o Senhor que fundou um Reino sem usar a espada, senão the sword of Holly Spirit to kill the killer (Jo 10.10; Ef 6.17). Nós somos súditos desse bendito reino. Quem tentou lutar contra ele já sucumbiu na curva da estrada e da história. Não importa qual seja o nosso vale. O importante é saber viver na certeza de que o Bom Pastor está atravessando conosco. Certo fazendeiro disse ao seu vaqueiro: « prefiro ouvir o berro de um bezerro, ao choro de uma criança doente ou com fome. » Um industrial disse à sua máquina: « Obrigado pelo lucro que você me deu, hoje », mas não perguntou ao operador de máquina – Como vai sua mulher, melhorou sua saúde?
Como gostaria de estar ao seu lado para cantar o hino 392 que diz: « Eu desci para o vale onde há bênção e paz. E pressinto comigo Jesus; aos humildes seu sangue assegura perdão. Seu Espírito os enche de luz. Entrai neste vale de bênção e paz, onde Cristo nos mostra afeição; descansai, exultai, confessai-o, publicai que nele há salvação.» Pegue o seu hinário e complete cantando ou lendo o restante deste hino escrito por Sarah Poulton Keller. Cada um tem o seu vale: de risos ou choro; alegria ou tristeza; de vitórias ou derrotas; rosas ou espinhos.
Obrigado, Deus, provedor fiel, Jesus Cristo, bom pastor e Espírito Santo, Consolador!
Nosso abraço nos entranháveis afetos de misericórdia.
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